"Manter as aparências: por trás da imagem”

Muitas pessoas parecem ter tudo sob controle: carreira, relacionamentos, vida social. Mas, por trás dessa imagem, podem existir dúvidas profundas, inseguranças e até sentimentos de solidão. Manter as aparências se torna, então, uma forma de proteção, como se admitir fragilidade fosse sinônimo de fraqueza.

O problema é que sustentar uma imagem perfeita exige energia constante e, com o tempo, cobra um preço alto. Relações se tornam superficiais, a autoestima depende do olhar dos outros e a identidade pessoal começa a se confundir com aquilo que se mostra para o mundo. A busca por aprovação pode até gerar reconhecimento externo, mas não garante segurança emocional.

Esse esforço silencioso de manter aparências, além de desgastante, distancia a pessoa de si mesma. É como viver em dois mundos: o mundo que se mostra e o mundo que se sente. Quanto maior essa distância, maior também a sensação de vazio e desconexão interior.

A necessidade de manter as aparências pode ter várias origens: pressões familiares, ambientes de alta cobrança ou até experiências passadas de crítica. O resultado é a crença de que apenas mostrando uma versão “impecável” será possível ser aceito ou respeitado.

Esse padrão de vida traz consequências emocionais importantes. O medo de ser descoberto ou julgado aumenta a ansiedade, as relações perdem autenticidade e a pessoa se afasta de espaços em que poderia se sentir verdadeiramente acolhida. O esforço de esconder vulnerabilidades se transforma, paradoxalmente, em um dos maiores motivos de sofrimento.

O peso de manter as aparências é que, ao tentar ser perfeito para os outros, você pode deixar de ser verdadeiro consigo mesmo.

Romper com esse ciclo não significa abrir mão da imagem ou da vida social, mas encontrar um equilíbrio saudável entre o que se mostra e o que se sente. É possível manter uma presença respeitada sem precisar carregar o fardo de parecer perfeito o tempo todo.

Na psicoterapia, esse processo pode ser trabalhado de forma cuidadosa e discreta, permitindo que a pessoa reconheça suas próprias necessidades e construa uma identidade mais autêntica, sem medo de desapontar. Quando isso acontece, o peso de sustentar aparências se transforma em leveza para viver de maneira mais alinhada com quem realmente se é.

A leveza começa quando a autenticidade se torna possível

PSICÓLOGO YAN SILVEIRA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS